Luta contra o golpe ecoou no 8 de março
- 9 de março de 2018
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- Imprensa Sinpro-JF
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Em Juiz de Fora, o Dia Internacional das Mulheres foi marcado pela luta contra o golpe que, com requintes de misoginia, afastou Dilma Rousseff da presidência da República em 2016.
De lá para cá, o governo ilegítimo de Michel Temer, composto, em quase sua totalidade, por homens brancos e ricos, tem atacado os direitos da classe trabalhadora de forma sistemática. As mulheres estão entre os segmentos mais prejudicados pela ofensiva golpista.
“Juntas na resistência”, que também faz referência à conjuntura nacional, foi a expressão que o ecoou no ato, organizado pelo Fórum de Coletivos dos Movimentos de Mulheres, ontem (8), na Praça da Estação. Várias vozes, entre centenas de participantes, se posicionaram contra as reformas trabalhista e da Previdência e em defesa da democracia.
As manifestantes seguiram em marcha pelas ruas do centro até serem recebidas pelos tambores das mulheres do grupo Ingoma, na praça João Pessoa, em frente ao Teatro Central. Diversas atrações culturais prenderam a atenção do público até o início da madrugada.
“O ‘8 de março’ tem origem na luta de classes. Surgiu, no século XX, para eternizar a resistência das trabalhadoras à exploração da sua força de trabalho. Agora estamos aqui, em 2018, resistindo a um golpe que impõe o retrocesso, principalmente, para as mulheres”, observa Cida Oliveira, coordenadora geral do Sinpro-JF.
Com a reforma trabalhista, aprovada em novembro de 2017, as mulheres que geralmente estão inseridas em postos de trabalho mais precarizados, como o serviço doméstico, terão seus direitos devastados.
Cida também reforçou que a reforma da Previdência, que continua nos planos do governo golpista, impede a aposentadoria das trabalhadoras.
A reforma ainda visa extinguir a diferença entre a aposentadoria de mulheres e homens.“As mulheres trabalham cerca de 7,5 horas a mais que os homens, somando 10 anos a mais em toda a vida. E ganham menos. Como podem achar que a nossa aposentadoria específica é uma regalia? No caso das professoras, a última proposta do governo foi de aumentar e igualar a idade mínima para a aposentadoria de mulheres e homens”, explica Cida.
Valéria Penna, diretora do Sinpro-JF, assinalou que, culturalmente, a atividade doméstica é associada ao sexo feminino. A dupla jornada imposta às mulheres implica atividades no local de trabalho e cuidados com casa e família.
“O feminismo nos faz repensar a divisão do trabalho, compreender o papel das mulheres na sociedade capitalista e lutar por justiça, direitos iguais e oportunidades”, afirma Valéria.
Clea Moraes, que também integra a direção do sindicato, lembrou que as mulheres, até pouco tempo, não eram consideradas cidadãs e não tinham direito de votar.
Apenas na década de 30, durante o Governo Getúlio Vargas, o voto feminino foi instituído.
“Ainda temos que avançar muito”, apontou a sindicalista.
Categoria feminina e de luta
Com uma categoria, em sua maioria, composta por mulheres, a luta do Sinpro-JF coincide com a trajetória de vida de várias mulheres guerreiras.
É o caso da professora Beth Matheus, que iniciou sua militância no sindicato na década de 80. Beth recordou a participação das mulheres na greve de 1989 dos professores da Rede Particular. “Eu ainda não estava na direção do sindicato, mas participava de assembleias. Em 1989, nós cruzamos os braços e fechamos a Educação Infantil na Academia. Nosso movimento estimulou a suspensão das atividades em outros setores da escola e também em outros colégios. Nós fizemos 34 dias de greve. Não foi fácil convencer as companheiras, há sempre medo de demissão no setor privado, mas conseguimos e fizemos uma grande luta, alcançando o reajuste. Para movimentar a greve, fizemos bazar, vendíamos roupas na rua, bar, canjiquinha, etc. Com essa arrecadação, nós movimentávamos a a greve”, conta Beth, que participou do ato na Praça da Estação.
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