Greve Geral deixa claro que trabalhadores unidos podem derrubar as reformas de Temer
- 2 de maio de 2017
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- Imprensa Sinpro-JF
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As nove centrais sindicais brasileiras – CUT, CSP-Conlutas, Força Sindical, CSB, CTB, CGTB, NSCT e UGT – estimam que mais de 40 milhões de brasileiros cruzaram os braços, no dia 28 de abril, contra as reformas trabalhista e da Previdência e contra a terceirização, apresentadas pelo governo golpista de Michel Temer. Atos foram identificados em 206 municípios do país, incluindo todas as capitais, de acordo com levantamento divulgado pelos Jornalistas Livres.
Em Juiz de Fora, o movimento, que mobilizou mais de 50 mil trabalhadores, foi convocado pelo Fórum Sindical e Popular. Motoristas e cobradores, professores de todas as redes, servidores municipais, bancários, metalúrgicos, funcionários dos Correios, servidores federais, trabalhadores do Poder Judiciário, camponeses, engenheiros, arquitetos, comerciários, trabalhadores sem terra, funcionários do serviço de água, aposentados, químicos, têxteis, advogados, estudantes, trabalhadores da Construção Civil e em Telecomunicações estão entre as categorias que fortaleceram a Greve Geral. O Fórum, que aglutina 52 organizações, tem se reunido semanalmente há pelo menos dois meses.
O Sinpro-JF anunciou que a adesão dos professores da Rede Particular ultrapassou a marca de 80%. Todas as grandes instituições privadas de ensino suspenderam as atividades em Juiz de Fora. Desde 1989, não havia paralisação dessa magnitude nas escolas particulares. A Greve Geral, também de acordo com o levantamento feito pelo sindicato, mobilizou 99,5% dos educadores da Rede Pública.
Nenhum ônibus circulou no dia 28
Em Juiz de Fora, motoristas e cobradores iniciaram a Greve Geral na madrugada do dia 28. A cidade amanheceu sem ônibus. Demonstrando coragem e resistência, os rodoviários suspenderam as atividades por mais de 16 horas. As ruas e os pontos de ônibus vazios reduziram, visivelmente, o movimento do comércio no centro da cidade.
As agências bancárias da região central também amanheceram cobertas por lona preta que exibiam palavras de ordem contra a retirada de direitos dos trabalhadores e em defesa dos bancos públicos. A intervenção feita pelos bancários também denunciou a atuação de Marcus Pestana, deputado federal de Juiz de Fora que votou a favor da nefasta reforma trabalhista aprovada no último dia 26, por meio de uma manobra, na Câmara.
Marcha pelo centro da cidade
A partir das 9h, os trabalhadores começaram a se concentrar na Praça da Estação para a realização de um ato. As centrais sindicais abriram os discursos no caminhão de som. A coordenadora Geral do Sinpro-JF, Cida Oliveira, falou em nome da CUT. “Vamos dizer para esse governo que nós não o reconhecemos. Não vamos permitir que eles retirem nossos direitos. A terceirização e as reformas trabalhista e previdenciárias são um crime cometido por quem nunca precisou trabalhar”, afirmou Cida. “Juiz de Fora Temer” foi uma das palavras de ordem que mais entusiasmaram os manifestantes.
Os trabalhadores saíram em passeata pela Avenida Francisco Bernardino por volta das 11h30. Os manifestantes ocuparam toda o trecho da rua entre o cruzamento com a Avenida Rio Branco e a Praça da Estação.
Após ocupar a Francisco Bernardino, a Rio Branco e a Barão de Cataguases ao mesmo tempo, a marcha seguiu pelas três pistas da Rio Branco até o Parque Halfeld, onde o ato foi encerrado por voltas das 14h.
Greve Geral ecoou em cidades vizinhas
A Greve Geral, como noticiada pelo jornal Tribuna de Minas, inspirou movimentos em cidades pequenas, próximas à Juiz de Fora. Foram registrados protestos de trabalhadores em vários municípios da região. O jornal destacou a mobilização em Guarani, Cataguases, Matias Barbosa, São João Nepomuceno, Barbacena e Barroso.
Você não vê na mídia tradicional
Em explícito conluio com o governo golpista de Michel Temer e com os setores patronais, a mídia tradicional, capitaneada pela Rede Globo, dedicou pouco tempo à cobertura da Greve Geral, já considerada a maior da História do país, superando o movimento de 1989 (veja o quadro abaixo). O viés adotado pelas reportagens buscou desacreditar, minimizar e até criminalizar o movimento. O Planalto, por sua vez, mudou várias vezes de estratégia à respeito de como tratar a Greve Geral. Fica evidente que o governo foi surpreendido pela potência de um movimento convocado pelos trabalhadores organizados pelos seus sindicatos, que teve respaldo de vários setores explorados e oprimidos da sociedade. A ameaça de retirada de direitos trabalhistas unificou “os de baixo” e fez suar os golpistas que estão no poder.
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Histórico das greves gerais deflagradas pelos trabalhadores no período pós-ditadura
Por Jornalistas Livres
12 DE DEZEMBRO DE 1986
A Greve Geral foi convocada pela CUT e CGT em defesa dos salários, pelo congelamento geral dos preços, em defesa das estatais, contra o Plano Cruzado e o pagamento da dívida externa. Contou com a adesão de 25 milhões de trabalhadores que realizaram manifestações por todo o país. Em algumas regiões, como no ABC Paulista, a paralisação foi total.
20 DE AGOSTO DE 1987
A Greve Geral, organizada pela CUT e CGT, protestava contra o Plano Bresser que arrochava os salários. Milhões de trabalhadores, novamente, cruzaram os braços em todo o país. Em várias capitais e grandes cidades ocorreram manifestações
14 E 15 DE MARÇO DE 1989
A CUT e a CGT se uniram para a realização desta Greve Geral contra o plano econômico denominado Plano Verão, a recessão e o desemprego, pela recuperação das perdas salariais e o reajuste mensal de salários de acordo com a inflação, além do congelamento real dos preços dos produtos de primeira necessidade. Cerca de 35 milhões de trabalhadores aderiram ao movimento com grandes manifestações nas capitais e regiões metropolitanas
22 E 23 DE MAIO DE 1991
A Greve Geral exigia reposição das perdas salariais, garantia de emprego, defesa dos serviços públicos, reforma agrária, fim dos aumentos abusivos nos preços dos aluguéis e prestações da casa própria e a defesa da democracia. Várias categorias paralisaram suas atividades em todo o país, envolvendo cerca de 19,5 milhões de trabalhadores.
21 DE JUNHO DE 1996
A Greve Geral contra as políticas neoliberais de Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi deflagrada com sucesso em todo o país. Organizada pela CUT, pela CGT e pela Força Sindical, tinha como principais reivindicações: emprego, salário, aposentadoria digna, reforma agrária e manutenção dos direitos sociais dos trabalhadores. Aproximadamente 12 milhões de trabalhadores paralisaram os serviços.
28 DE ABRIL DE 2017
Greve Geral contra a reforma trabalhista e previdenciária, retirada de direitos e contra o golpe. Trabalhadores pararam atividades em pelo menos 206 cidades, incluindo todas as capitais. Aeroportos domésticos tiveram a maior parte dos voos atrasados ou cancelados. Rodovias nacionais interditadas e repressão violenta das polícias militares, em especial na capital do Rio de Janeiro. Estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) é que 40 milhões de trabalhadores não compareceram ao trabalho. Mais de 50 plataformas de petróleo pararam a produção, assim como siderúrgicas e demais industrias de base. Adesão massiva na paralisação parcial ou total dos transportes públicos na maior parte das capitais. Impacto na economia ainda não estimado. Convocaram o ato todas as nove centrais sindicais, incluindo CUT, CTB e Força Sindical (que juntas respondem por 90% dos sindicatos), além de duas frentes nacionais de movimentos sociais, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.
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