Educadores se posicionam em defesa da vida
- 19 de fevereiro de 2021
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Leia o posicionamento do Sinpro-JF e do SindUTE/MG Subsede Juiz de Fora:
“Continuamos a assistir, atônitos, a chamados e convocações para o retorno presencial de aulas por grupos que se autointitulam “guardiões dos interesses das crianças”. Obviamente que há aqueles que, sinceramente, estão preocupados com o longo período sem o necessário contato escolar, afetivo e pedagógico. Compreendemos e com estes fazemos coro na ansiedade. Outros armam-se de justificativas que carecem de conteúdo e, apesar de boa-fé, demonstram necessidade de mais informação. Há, também, os oportunistas, que militam nas entranhas de movimentos obscuros e que marcham ao lado da insanidade governamental.
Feitas as devidas considerações, precisamos entender o momento em que nos encontramos. Afirmar que as crianças não transmitem o vírus ou que não há risco nenhum de contaminação é, no mínimo, semear a desinformação entre as pessoas.
Inúmeros pesquisadores ao redor do mundo, instalados em centros de excelência (Estados Unidos, Austrália, Alemanha, Áustria, dentre outros), confirmam que jovens e crianças têm papel significativo na transmissão da doença provocada pelo coronavírus, podendo ser mais contagiosos que os adultos. Num dos maiores estudos sobre a contaminação em crianças (Harvard), pode-se perceber que a carga viral nas suas vias aéreas é maior que a de adultos infectados. Isso faz com que esses jovens carreguem uma maior capacidade de transmissão e contaminação.
Numa das diferentes pesquisas realizadas, os testes de PCR mostraram que os mais jovens também contraem Covid-19 (diferentemente de estudos iniciais), às vezes em proporções maiores que os adultos. O fato de raramente esses jovens apresentarem sintomas, faz com que a doença se desenvolva de forma silenciosa, facilitando e permitindo a disseminação do vírus. Dados do Ministério da Saúde indicam índice de contaminação em pessoas até 19 anos de idade, o que confirma que crianças e adolescentes não estão minimamente imunes à Covid-19, assim como são também transmissores.
Nesse sentido, fica difícil de negar que o público infanto-juvenil é composto por potenciais vetores de contaminação, já que o contato com as pessoas e colegas torna-se inevitável, permitindo um efeito em cascata, seja dentro da instituição educacional, seja para além dela, na volta às suas casas.
O retorno às atividades presenciais nas escolas levanta intensas discussões e causa grande preocupação entre estudiosos do tema, além, é lógico, de colocar acuados trabalhadores da educação e professores que, apesar de estarem em intenso e árduo trabalho desde o início da pandemia, veem-se pressionados pelos empresários de ensino, que querem, a todo custo – e o mais rápido possível – a garantia de seu caixa.
Não se trata, aqui, de disputar quem é o detentor de verdades ou meia-verdades. O importante é colocar, num primeiro foco, a segurança e a garantia da vida para todos os envolvidos, direta ou indiretamente. Discutir protocolos como cuidados básicos necessários, distanciamento, higienização de aparelhos/objetos, número de alunos e duração das aulas, infraestrutura mínima necessária, fiscalização, dentre muitos outros pontos é fundamental. Como também o é a imposição de testagem nos alunos e trabalhadores, custeada pelos entes patronais/públicos de ensino. O que não podemos aceitar é a pressão desmedida dos empresários do ensino e de uma fração de pessoas que, de forma equivocada, entende que está protegida de reveses porque detêm recursos. É preciso pensar no coletivo
Finalmente, é importante deixar claro que a decisão de um retorno que não encontre fundamentação científica nem seja respaldado em critérios seguros deve ser acompanhado da responsabilização dos segmentos que assim o definir, principalmente, em relação às consequências que possam ocorrer.
Diante do quadro que se impõem mundialmente, éperceptível a instalação de uma crise humanitária no Brasil, já que a carestia, o alto índice de desemprego e a necessidade de recuperação do mercado pelos capitalistas se fazem presentes. Nesse cenário, faz-se necessário discutir a importância de preservação das vidas: a abertura de escolas num momento de descontrole da pandemia vai na contramão de atitudes sanitárias que devem ser adotadas.
Atitudes irresponsáveis em favor do empresariado colocam em risco a vida de crianças e de profissionais da educação. Nós, organizações de trabalhadores da educação, priorizamos a vida e a saúde em detrimento do lucro.
Juiz de Fora, 19 de fevereiro de 2021.
Sindicato dos Professores de Juiz de Fora
Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Subsede Juiz de Fora)”
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