Educadores relatam participação #OcupaBrasilia: 200 mil nas ruas e Temer por um triz
- 30 de maio de 2017
- 0 comments
- Imprensa Sinpro-JF
- Postado em NotíciasSem categoria
Mais de 200 mil trabalhadores ocuparam Brasília, na última quarta-feira (24), em manifestação contra o governo ilegítimo de Michel Temer e em defesa dos seus direitos. “Todas as centrais sindicais participaram do ato. Nós demos um recado para esse governo golpista. A classe trabalhadora não vai se calar diante do desmonte do Estado. Queremos “Diretas Já!”. Queremos a retirada imediata das reformas trabalhista e da Previdência, além da revogação da terceirização irrestrita, da reforma de Ensino Médio e da emenda constitucional que limita os gastos públicos em saúde e educação por 20 anos”, explicou Cida Oliveira, coordenadora geral do Sinpro-JF.
Oito ônibus, organizados pelos sindicatos que constituem o Fórum Sindical e Popular de Juiz de Fora, partiram no dia anterior rumo ao Distrito Federal. Cerca de 100 educadores, que viajaram em dois ônibus do Sinpro-JF, participaram da manifestação. A marcha saiu do Estádio Mané Garrincha por volta de meio dia e seguia organizada e pacífica até o Congresso Nacional até ser absolutamente reprimida pela Polícia Militar. Segundo relatos dos manifestantes de Juiz de Fora, a intenção da PM era impedir que o ato acontecesse e não deixar que a população ocupasse o gramado da Esplanada dos Ministérios. Bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, cavalaria, bala de borracha e munição letal, como denunciado pela imprensa, foram usados para atacar os trabalhadores.
Leia os relatos de professores, estudantes e integrantes do Fórum Sindical e Popular de Juiz de Fora que ocuparam Brasília no dia 24 (se você esteve em Brasília e deseja contar sua história, envie seu relato para sinprojf@gmail.com):
Clea Moreira, diretora do Sinpro-JF
“Chegamos por volta de 11h em frente ao Estádio Mané Garrincha, onde estava a concentração. Havia centenas de ônibus e milhares de pessoas. Muitos caminhões de som. Saímos em marcha às 12h15. Ali já começaram as bombas que nos assustavam um pouco. Explodiam de 10 em 10 minutos mais ou menos e não sabíamos de onde viam. Seguimos em marcha, pacífica, com muitas bandeiras e faixas, exigindo a saída de Temer e “Diretas Já!”. Nosso grupo ficou, a todo momento, próximo para ninguém se perder se perder e porque estávamos também preocupados com o ataque da Polícia. A marcha ia em frente, maravilhosa, emocionante. Até que chegamos em frente ao Ministério da Educação. No carro de som, avisaram o que estava ocorrendo com os manifestantes que tinham chegado ao Congresso. Já havia muitas pessoas machucadas, correria, confusão. Fizemos o ato ali mesmo. Muitas pessoas quiseram ficar e muitas também seguiram para o Congresso. Quem retornava narrava que eram cenas muito fortes. Bombas sendo jogadas por helicópteros, muito gás. Chegamos a sentir o cheiro do gás no local onde estávamos. Por volta das 16h, retornamos juntos, novamente, ao local da concentração.”
Valéria Penna, diretora do Sinpro-JF
“Mais de 200 mil pessoas participaram do momento histórico de luta do povo brasileiro. O dia 24 de maio ficou marcado como a maior manifestação dos últimos anos e a mais violenta na capital do país. A polícia, covardemente, atacou os manifestantes com bombas e gás lacrimogêneo. Mas nós, trabalhadores, não recuamos e tomamos as ruas até o Congresso Nacional, exigindo ForaTemer, eleições diretas e o fim das reformas desse governo ilegítimo. Assim que chegamos no Congresso Nacional, a Polícia Militar atirou contra milhares de pessoas que estavam ali de forma organizada, exercendo o seu direito democrático de se manifestar. Temer chamou as Forças Armadas para atacar trabalhadores, mulheres, jovens, idosos que participavam democraticamente da marcha. O Brasil está vivendo sob estado de exceção. Mas o povo não se intimidou e mostrou a força de sua voz. O que se viu em Brasília foi um sinal de que a mobilização popular é muito mais poderosa do que todo o aparato policial utilizado por esses golpistas. Resistir sempre! Fora Temer! Diretas Já!”
Ana Paula Paredes, diretora do Sinpro-JF
“Fiquei muito admirada com a grandiosidade, a quantidade de pessoas mobilizadas, como não havia sequer palavras de ordem que tivessem um mínimo de agressividade, só acreditei na retaliação da polícia quando senti os olhos e a garganta ardendo em consequência do gás. Considero a manifestação muito positiva pois o #FORATEMER #NAOASREFORMAS e as #DIRETASJA se fortificaram após a manifestação.”
Sueli Martins, educadora
“Ocupa Brasília. 24 de maio. Estava presente. Vi trabalhadores de todo o Brasil. Estudantes, juventude, mulheres. Vi sem teto, sem terra. Vi índios. Vi cadeirantes, pessoas com necessidades especiais variadas. Vi idosos. Pessoas de todos os tipos. Vi crianças. As pessoas estavam em Brasília para uma marcha por seus direitos. Por nossos direitos. Várias centrais sindicais unidas para pedir legitimamente o fim de um governo ilegítimo. No estádio Mané Garrincha o clima era de alegria. Caravanas chegavam de toda parte do Brasil. Solidariedade foi o que vi.
Seguimos em direção a Esplanada dos Ministérios. Os carros de som puxavam falas de dirigentes e palavras de ordem. Um dos momentos que mais me emocionou foi quando do carro de som da CUT BH saiu a música de Geraldo Vandré. Milhares de pessoas cantavam o hino: “vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer.” Seguíamos, nesse momento, o sonho de uma democracia, perdida no turbilhão dos golpes que hora vivemos. Não conseguimos avançar muito mais. Paramos em frente ao Ministério da Educação. Chegavam notícias do confronto mais à frente. Tentamos ocupar o gramado, mas o gás lacrimogêneo não nos deixou ficar. Alguns de nós foram mais à frente, voltaram chocados com tamanha violência. Os helicópteros começaram a sobrevoar, na tentativa de causar pânico. Os dirigentes falavam palavras de ordem, pedindo calma, numa tentativa de não tornar o movimento num massacre. Se avançássemos isso com certeza ocorreria. Seria um massacre ainda pior. Recuamos com calma, para não ferir ninguém. E ainda nesse momento éramos muitos, milhares. Recuamos ali, mas não recuaremos na luta. Ainda quero um país democrático, onde possamos utilizar o gramado do Planalto para fazer as reivindicações necessárias, com crianças, mulheres, indígenas, pessoas com necessidades especiais, jovens e idosos, e com um grande sentimento de que somos um só povo.”
Amanda Pomar, estudante
“Essa é a segunda vez que vou à Brasília. A primeira foi no ato contra a PEC 241, que aconteceu no fim do ano passado. A segunda vez foi nessa última quarta, para nos opormos ao governo ilegítimo de Michel Temer e lutar pelas eleições diretas. Diferente do primeiro ato, a massa de manifestantes era muito mais heterogênea e muito mais volumosa, enquanto a ofensiva da PM foi tanto mais adiantada quanto mais bruta. Dessa vez não conseguimos nem nos aproximarmos do espelho, fomos bombardeados muito antes disso e fui embora de Brasília quando ainda era dia. Não deu tempo de brotar Black Block, de forjar justificativas para uma contra-ofensiva da parte da PM. O conflito entre PM e manifestantes veio de uma única mão. Foi deliberadamente um ataque. Acabei com todo o leite de magnésia que trouxe e ainda não foi suficiente. Era muita bomba. Era muita gente desnorteada, muitas senhoras e senhores. Foi muito claro que não estávamos preparados pra fazer enfrentamento com essa polícia. Só que não são eles o inimigo e a dúvida permanece: enquanto a polícia não o reconhece seu lugar subalterno e oprimido a gente faz o quê? Comprar máscara de gás também não me parece solução.”
Laiz Perrut, Marcha Mundial das Mulheres
“É vergonhoso como a polícia recebeu os manifestantes. Foi uma manifestação pacífica, gigantesca, e nós sofremos grande repressão. Muito gás lacrimogêneo, muita bala de borracha, muito gás de pimenta, cavalaria. O choque estava todo na rua contra nós. Mas nós não recuamos e não vamos recuar”.
Felipe Fonseca, Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista
“Mais de 200 mil pessoas caminhavam em direção à Esplanada dos Ministérios. No momento em que chegamos à rua que faz limite com o Congresso Nacional, a polícia montou uma barricada. Eles jogaram bombas sobre nós desde o início. Dois helicópteros sobrevoavam a região, a polícia fechou o perímetro. O desejo dos manifestantes foi permanecer no ato. Resistimos por mais de duas horas. O governo está reprimindo porque sabe que vai cair a qualquer momento, sabe que a pressão popular é muito forte”.
Joaquim Tavares, diretor do Sinserpu-JF
“A polícia foi extremamente truculenta e tentou impedir de todas as formas que ficássemos no gramado da Esplanada dos Ministérios. Não queriam que o ato acontecesse. Eles agiram com violência e jogaram bombas de gás em todo mundo. Em manifestantes, em deputados, em jornalistas. É um sinal do desespero desse governo”.
Comments are closed.